quarta-feira, 24 de março de 2010

Canalha

Uma tarde morna de domingo algumas vezes revela surpresas incríveis de auto conhecimento.

Estava prostrada na frente do computador quando uma janela do msn piscou. Era um amigo fazendo a seguinte pergunta: "Por que as mulheres preferem os canalhas?". Não sei se foi bem esse o termo usado, mas é o que me recordo agora para englobar o tipo citado. E também a questão de preferir, em todo o sentido da palavra, nem sempre é fato.

Fiquei parada diante da tela por algum tempo pensando no fundamento daquela questão, querendo esconder de mim mesma todo o significado que a reflexão traria.

Pois bem, tratei de responder uma coisa ou outra embora o x da questão seja um mistério. Não falo por todas, nem por mim, mas sei que a maioria das mulheres já despertou um dia sentindo aquela pontinha de ódio pela descoberta.

As coisas acontecem e de repente nem vi. Uma surpresa... ou não.

Sim, ódio é geralmente o primeiro sentimento, mas isso passa, a pessoa não. O que interessa no momento é que amores contrariados já não fazem mais parte das páginas do romantismo.

quinta-feira, 11 de março de 2010

sábado, 6 de março de 2010

Pantera no porão

- Quem foi que pensou em te soltar? Pergunto isso ao monstro que vive dentro de mim.
Não há resposta. O que acontece é apenas o eco da consciência que martela dentro da cabeça e na maioria das noites não deixa dormir. Desse modo entendo que o silêncio pode enlouquecer.
A pantera anda inquieta dentro do porão, de um lado para outro, esperando ser libertada.
Penso, fechando todas as portas e janelas, que todos os santos me livrem dessa existência. Que ninguém jamais suspeite de nada para que não fujam morrendo de medo da descoberta.
Assim como o Dr. Jekyll que por algum motivo liberta o Mr. Hyde, todos uma vez ou outra libertamos nossos próprios monstros mais indecorosos, absurdos e obscuros e com um desespero de nós mesmos, voltamos a trancá-lo à mil chaves nos porões e masmorras mais profundos da nossa mente. Mas não há quem não vá visitá-los e algumas vezes até alimentá-los pela fresta da porta.
Que esteja claro, os monstros são de cada um e muito diferentes entre si. Embora inevitável essa comparação é inútil. Você nunca o apresentará, nem mesmo aos sussurros a quem dorme sempre ao seu lado, no próximo olhar não haverá mais ninguém. Então a pantera fica lá, isolada.
Escrevendo talvez a solidão infame seja aliviada e assim, a tragédia do seu segredo não seja mais tão trágica.
Mas todos continuaremos a sós com os nossos medos.
Um dia quem sabe nós visitaremos esse monstro pela última vez, sem medos, apenas para dizer:
- Tchau! Lembranças para você!